quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

PDSML RV 2018 - S01E07

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Temporada 01 - Episódio 07: "The Greatest" | Localização: Castelia City
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Assim que partiram do contest hall, os três viajantes foram em busca do endereço recomendado por Marília no celular de Bruna. Nenhum deles podia acreditar assim que viram o edifício, de ótima localização, próximo da avenida principal. A loira não podia deixar de se perguntar como a jornalista conseguira tanto crédito a ponto de lhes oferecer essa ajuda, com genuíno questionamento do que podia estar por detrás disso.
As acomodações que conseguiram eram tão espaçosas que mais pareciam uma casa compacta: três quartos anexos a uma sala de estar misturada a cozinha. Otávio teve a mesma, brilhante, ideia de se jogar no sofá que Matheus, e ambos quebraram algum osso que inventaram. Os dois garotos ficaram ainda no cômodo por mais um tempo antes de irem pra cama, a coordenadora não deu muita bola e foi logo deitar.
Desenvolveria melhor uma conspiração sobre que tipo de matéria Marília escrevia por debaixo dos panos, no entanto, teria mais um par de dia apenas antes de sua estreia no torneio, então tinha que ocupar sua cabeça pensando em como desenvolveria uma performance com seus Pokémon nas eliminatórias.
O treinador foi o último a despertar, assim que saiu dos aposentos, Matheus já estava de café tomado e lendo um mangá shounen de uma autora de Kanto, com um garoto loiro de braço mecânico na capa, nem parando para trocar palavra qualquer com o outro até ser incomodado.
— Já acordou?
— É... A Bruna saiu mais cedo e pediu para que a gente não incomodasse.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ela tem que treinar pro contest, bestão. Só não sei onde ela vai achar um lugar pra esconder os segredos da apresentação, qualquer lugar que tu respira tem alguém nesse inferno de cidade.
— Mau-humor? — Percebeu que o tom do rapaz estava diferente do usual, com nuances a mais de desnecessário sarcasmo.
— Sim, agradeceria se você saísse e comprasse um balde de sorvete pra eu afogar as mágoas.
— Você tá diferente. — Mesmo com espaço de sobra em outro sofá, Juniper jogou-se perto das pernas do outro, obrigando-o a se retrair e oferecer espaço. — É aquele garoto de ontem? Quer que eu arrume o número dele? Dou um jeito rapidinho.
— Você é lamentável. Não me deixe mais deprimido. — Ruborizado, porém contente, empurrou o outro com um dos pés, ainda de meia, forçando Otávio à parte mais afastada do sofá.
— Tá bom, tá bom, não tá mais aqui quem falou. — Alegrou-se ao ver que botou um sorriso no rosto alheio. — Tô pensando em tentar meu primeiro ginásio, o que acha?
— Hmm... Não acho uma boa ideia.
— Tá falando sério?
— Você não conhece Burgh? Ele já fecha o ginásio sem motivo, imagina um dia antes do Torneio? Eu não perderia meu tempo indo lá. — Riu baixinho pro amigo.
— Ah, vamos sair então. Não venho pra cá faz tanto tempo.
— Me arraste. — Afundou mais no móvel.
— Eu te pago um Casteliacone.
— E...?
— Ok, e o próximo volume do seu mangá. — Estendeu-lhe a mão para sair do sofá, com a vitória e uns trocados a menos.
— Feito. — Sua expressão mudou da água ao vinho, como se estivesse fingindo descontentamento na última parte. — Vou vestir algo. — Atropelou-o rumo ao dormitório.
Tendo ido ao chuveiro antes do colega acordar, Matheus ainda conseguiu ser mais demorado que o treinador, o qual ainda pôde tomar banho sem pressa. Meia hora depois, o moreno surgiu com a mesma vestimenta do dia do karaokê, enquanto o companheiro escolhera as primeiras peças que viu na frente.
— Por curiosidade, você não usou essas roupas tipo... Dois dias atrás?
— Vesti? Eu não me lembro... — Bagunçou o próprio cabelo. — Eu lembraria de algo assim, né. — Lembrava-se de ter levado essas roupas para lavagem pelo amigo totalmente embriagado do dia anterior aos fatos, contudo, o que lhe intrigava era sua fraca memória. Optou por não desmenti-lo. — Estou animado. — Completou.
[...]
Do lado de fora do prédio, iniciaram a caminhada juntos e em sincronia, em ritmo despretensioso pela avenida principal. Todavia, sem aviso prévio, Matheus acelerou o passo, forçando o parceiro a fazer o mesmo, somente para irritá-lo. Pela maneira que partiu, era certo que daria um encontrão com alguém, não prestando atenção no caminho, especialmente por ser a parte mais movimentada de Castelia.
— Ei! Me espera.
— V...
Se torcer contra tivesse efeito de fato, aquele tal garoto de Kanto não teria perdido tantas ligas. Matt caiu no chão e levou consigo uma transeunte de cabelos castanho-coloridos, também a atravessar eufórica. O queixo do rapaz trombou contra a testa da desconhecida, cuja cabeça bateu no chão. Castillo não apresentou machucados, salvo latejamento breve na mandíbula, retirando o peso do seu corpo prontamente.
— Mil desculpas... Você está bem?
— Cacete, Matt. Tem como não fazer cosplay de Need for Speed? — Otávio se aproximou.
Posicionou dois dedos sobre seu pescoço e sentiu seus batimentos fracos. Estava viva, mas não respondia a estímulos. Para sorte maior, a garota caiu sentada primeiro, evitando o pior. Entretanto, era de se notar sua agitação, havia um motivo legítimo para cruzar lugar tão movimentado naquela velocidade.
— Ela desmaiou. — Engoliu seco.— Fodeu, Otávio, a gente precisa levar ela pro hospital. Tu sabe onde isso fica? — Pôs-se a verificar o pulso a todo momento, eufórico pelo que sua falta de atenção causara.
— Fim da avenida, vamos logo.
— Como você pode ter certeza? — Entrando em estado de desespero, começou a ofegar.
— Uh... Intuição? — Ergueu-a pelas pernas, os pedestres pareciam ignorá-los. — Só vem. — Suspirou.
O pânico do rapaz era tanto que o incapacitou de raciocinar propriamente, pois um letreiro azul bem visível se dispunha indicando o hospital mais próximo. Até o desconforto latente sumiu diante de preocupação maior. Lá foram eles.
[...]
Deixarei vocês três a sós. — Disse a médica plantonista.
— Você nos deu um susto. — O loiro segurou a mão da desconhecida. — Otávio, a propósito. — Liberou-a do gesto.
— Matheus, mas pode me chamar de Matt.
— Marina. — Sorriu, tentando recobrar como havia parado ali.
A instalação era tão branca que tinia. Isso junto com a voz mansa dos funcionários e o silêncio ensurdecedor criavam a atmosfera de um refúgio de paz naquela cidade maluca. Ainda um pouco fraca, o enfermeiro a deixara com um suco de laranja e um sanduíche simples próximo a sua cama. Enquanto comia, cheia de fome e vontade, ambos garotos encaravam seu rosto delicado, pálido pela baixa pressão, e seu cabelo extravagante: azul em degradê nas pontas e de raíz avelã.
— ... — Recobrando a memória, a paciente teve um momento de epifania, já dando os primeiros sinais de surto.
— Aconteceu alguma coisa?
— Que horas são?
— Hmm... Onze e quarenta e três, por que? — Otávio sinalizou.
Pronunciou alguns palavrões que nenhum dos dois esperaria ver combinados — Tenho que sair daqui — Engoliu voraz o restante do café da manhã,
— Calma! O que aconteceu? — Bem que tentou manter-se tranquilo, mas Matt estava tão confuso quanto.
— As inscrições pro torneio... vão até meio-dia. EU TÔ FODIDA.
— É serio? Tu acabou de desmaiar, os médicos não vão te deixar sair daqui. — Castillo argumentou.
— Não vamos pedir licença. — O treinador levantou-se e pegou uma cadeira de rodas no cantinho. — Marina, o suco. Matt, distração. — Vendo a determinação do garoto, os olhos da coordenadora brilhavam em contentamento.
"Não acredito que saí do sofá para isso". — Irei atrás de vocês se for preso. — Estalou os dedos e o pescoço.
— Eu falei para distrair, não para fazer um atentado. — Nesse ínterim, Marina terminara de sentar na cadeira de rodas que o outro trouxera, deixando o plano livre para execução. — Só vai, rápido!
— Que seja. — Liberou Litwick da Pokébola. — Tá na hora de um pouco de ação.
— Hum!
Colocando-o em prática, o esquema ligeiro, porém meticuloso, iniciaria um tumulto que com sorte deixaria apenas Matheus com passagem na polícia. A ideia parecia menos patética na teoria. Ao fazê-lo, com um pano cinza cobrindo metade do rosto, o aspirante a líder de ginásio já carregava arrependimento. Bufou.
— Rauchwolke, Lichtel! — Desejando chamar o mínimo de atenção possível, recorreu à língua que usava basicamente apenas com seus Pokémon e poucos amigos.
A nuvem de fumaça tomou depressa toda a recepção. Os pacientes começaram a tossir, o que até pesou na consciência do moreno.
"Vocês são bem desesperados, não acha?" — Que diabos? Esse pensamento não lhe pertencia. Como então havia sido invadido desse modo? Deu-se conta que as luzes acendiam e apagavam sem explicação.
Refletiria melhor sobre isso não fosse possuído por aqueles olhos de misteriosas íris cinza-escuras: era o rapaz que encontra na noite anterior, saindo do hospital. Consigo levava uma sacola de remédios, provável que para si (já que estava só), apenas observando o mais alto com atenção. Novamente sem reação, viu-o desaparecer diante de seus olhos, dessa vez, entretanto, abriu o sorriso antes de retomar sua atenção à fuga.
— Achei que falasse apenas o idioma geral.
— Por favor, já viu o tamanho da biblioteca da minha mãe? — Respondeu apressado a Otávio, irônico.
— Quinze minutos! Por favor, depressa! — Marina apontou para frente com o indicador.
— Então pede pro Senhor-rato-de-academia-barra-biblioteca vir te empurrar.
— E o trabalho sujo todo fica comigo?
— Isso não é problema meu.
Sem mesmo ter chances de treplicar,o Porygon de Marília surgiu ao lado de Matheus e o agarrou, levando-o consigo em seu teleporte.
— Você viu isso? — Não pôde evitar de exclamar assustada.
— Vi. Não dá bola. Já desisti de entender. — Expirou decepcionado por não ter controle sobre a situação. Seguiu empurrando-a.
— Hum!
— Aliás, vai dar tempo de ser atendida?
— Só preciso entrar na fila antes do tempo estourar. — Certificou-se que carregava a identidade, trêmula.
— Então está entregue. — Os dois se aproximavam do destino. A porta automática abriu e refrescou o rosto pulsante do candidato a campeão com o ar-condicionado.
— Muito obrigada! Depois a gente se fala, ok? — Despediu-se mancando até um guichê vazio.
— Não tem de quê. — Jogou o cabelo afetado pelo suor para trás, aliviado.
O telefone de Juniper tocou logo em seguida. O nome de Bruna surgiu na tela.
— Otávio! Onde você tá?
— Tô aqui no centro. Por que?
— Ah, que bom. O Matt te avisou né? Acabei meu treinamento secreto. Quer se encontrar comigo?
— Beleza. Onde?
— Terceira Avenida, Chez Spritzee. Tô te esperando.
— Já tô indo. — Sorriu. — Tchau.
— Até.
"Agora tenho que descobrir que porra esses dois tão aprontando". — Ao se lembrar de Matheus e Marília, já preparou o psicológico pensando em que tipo de mensagem desaforada mandaria para ambos.
[...]
Matheus se viu transportado para um quarto tinindo em limpeza do hotel em que se hospedavam. A garota aguardava-o despretensiosa enquanto digitava frenética no laptop, sentada num pufe roxo gigante.
— Que diabos, Marília?
— Me agradeça depois. Perturbação da ordem pública é crime, sabia? — Fechou o flip do aparelho com cuidado.
Respirou fundo. — Ok. O que você estava fazendo nos observando e como sabia onde estávamos?
— O que importa é que você não seja pego em flagrante. Só quero que saiba que estou com vocês.
— Você não respondeu a minha pergunta. — Manteve-se firme.
— Eu estive rastreando o celular de vocês. Achei que algo podia acontecer.
O tom natural não expunha cinismo, sim cautela. Qualquer alteração na modulação de voz da jornalista lhe complicaria ainda mais. Pode-se dizer que de todas as possibilidades, essa era "a menos pior dentre as piores". Castillo tentou ponderar, arrastando um suspiro enquanto apertava a própria garganta.
— Me dê um motivo para não ligar pra deportação agora.
— Por favor! Eu juro que estou do lado de vocês. Tá, eu admito que o que eu fiz foi errado, mas achei que vocês pudessem estar sendo espionados.
— Então resolveu espionar a gente para evitar que fôssemos espionados? Brilhante.
— Ahn... Sim? Olha, eu posso consertar as coisas. Se qualquer registro de polícia aparecer contra você ou qualquer outro, eu e Pory invadimos a rede e apagamos tudo.
— Quem caralhos é você? — Contendo seu ímpeto de agressividade, aumentou ainda mais o tom de voz e cerrou um dos punhos próximo à própria boca, abafando o volume. Não queria sair socando as paredes do apartamento.
— Marília Suttner. Repórter enviada da Jubilife TV. Dezoito anos. Quero fazer a reportagem da minha vida. E... não posso abrir o jogo agora, mas prometo que na hora certa vocês vão saber de tudo. Queria que soubesse que não minto quando digo que preciso de vocês, e nesse momento em especial de tu, Castillo.
— Olha, Marília. Eu não sei como posso confiar em você desse jeito. — Afundou a mão sobre a testa e rosnou, segurando-se para não chorar de estresse.
— Não te disse que livro a barra de vocês? A gente vai dar um jeito nisso, juntos. Tenho certeza que seus pais estão bem.
— Digamos que eu acredite minimamente em você. Não tem mesmo uma prova prática de sua lealdade?
— Porygon, Refletir.
De imediato, uma tela de luz protetiva serviu para projetar uma cópia do notebook da jornalista, expondo uma série de documentos que o Pokémon organizava para a treinadora.
— Como pode ver, baixei uma relação dos arquivos da polícia nacional sobre o caso do museu. Essa página destacada é a chave. Os policiais fizeram uma comparação do inventário antes e depois do desaparecimento. Tem um item faltando no acervo: a Dark Stone.
— Você é louca... — Sorriu tímido. — Sabe que a Dark Stone é a pedra do mito dos dragões, né?
— Andei pesquisando. Parece ser um tipo de mito local, mas eu cheguei aqui faz só um mês e não sou muito familiarizada.
— Posso te passar um livro depois sobre isso. Acho que deveríamos nos preocupar, se esse objeto não for só feito de crendice.
— Também não sei mais em que acreditar. — Acariciou a criaturinha, que interrompeu a projeção. — Existe a pedra oposta, a White Stone, só que não se sabe sua localização. Talvez a gente descubra algo se a encontrarmos. — Marília estendeu-lhe o braço, sendo correspondida pelo outro com uma condição de resposta:
— Só uma coisa mais: me diz pelo amor de Deus que não viu a minha galeria.
— Ugh. Por favor, eu não sou uma pervertida igual tu. Mas ok, eu prometo. Juro que vou parar de espionar vocês. — Ergueu a palma da mão, em juramento solene.
— De boa. Só não espalhe o meu lindo corpo por aí. Sou um rapaz de família.
— Nem você acredita nisso. — Desviou o olhar. — Vem, eu ainda não tomei café.
— Tem bolacha?

Fragmentos traduzidos do diário de Matheus
"2/10
[...] Sempre achei que essa sensação de euforia e leveza no peito fosse exagero. Como me sinto um idiota, falando assim de alguém que não sou capaz nem de lembrar da cor dos olhos."
"3/10
Só por precaução, mudei minha senha para victoriapervertidainsensivel25, vai que ela mentiu e a consciência pesa? [...] Sim, eles são cinzas. Acho que é minha nova cor favorita."

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